Adiei minha volta pra casa
Porque na rua eu tinha que procurar
Um emprego, um sossego, um marido ou um mar
Um futuro que eu trouxer pro meu lar
Já é alguma coisa
Nesse mundo de louça
Suja
Sabendo que a sujeira maior vem da onde sempre tem asfalto na rua
Eu digo que eu cheiro
Porque agora eu cheiro e não respiro
Desde sempre meu peito procurou abrigo
Naqueles que nunca olharam por nós
Os que calaram nossa voz
Os que vendem o podre
E culpam o Munhoz
E acima de nós
Só Deus e um velho rico em crise
Abaixo talvez só o Mazzaropi em reprise
pra nos lembrar
Que há mais de 100 anos
Tem gente sem onde morar
Tem sede sem onde molhar
Tem rede e os menor pra deitar
São Paulo, Jaraguá, umas 8 e meia
Brasil, covid, a coisa tá feia